Ainda te tenho

Sinto a tua presença mesmo na tua ausência. Sinto o teu toque ligeiro em cada contorno do meu corpo e em cada curva do meu espírito, mesmo agora em que te tornaste na minha inocente quimera. Mas, contudo ainda pressinto o roçar dos teus lábios junto aos meus, o sabor de um beijo inocente na minha pele, o esmaecimento suave da tua respiração junto aos meus ouvidos e o sussurrar de palavras que ainda hoje são uma incógnita para mim, que ainda hoje questiono a sua verosimilhança de elas serem ou não verídicas.
Sinto saudades do timbre do teu acanhado sorriso porque era contagiante, porem perturbador. Conseguia entrelaçar-me nele, desembuçando uma palete de cores das quais eu poderia fazer o meu próprio arco-íris podendo excluir o cinza, aquela cor que se manifestava em dias de vendaval.
Perdia-me no sabor das tuas palavras, na textura suave dos teus lábios, na frescura quente da tua pele, aquando junta com a minha, e, até a doçura salgada das tuas lágrimas de outrora, que a mim me inibiam por vê-las cair.
Quando me encontrava nos teus braços, sentia-me segura, tal como uma filha se sente no colo da sua mãe. Adorava a tua voz, pois era profunda e quente. Acho que ainda a adoro, acho que ainda a sinto dentro de mim. Afinal tu não te tornaste numa ausência em corpo.
Adorava as tuas palavras os teus gestos porque me concedias um pouco de força quando o ciclo da minha vida passava por caminhos estreitos e de difícil passagem, porque me ajudavas a abrir uma nova janela. Agora, involuntariamente ou não trancaste a janela que poderia ser a base de uma nova alvorada de um novo ciclo.
Adorava a mistura do teu cheiro com o meu, pois ele me seguia para todo o lado. Sentia-o colado a mim, mesmo nos dias agrestes de Inverno, pois protegia-me da solidão destas quatro paredes que me envolvem e que, como hoje, me encerram em profunda nostalgia.
Quando me abraçavas, abraçavas tudo o que eu era, tudo que eu fui e tudo o que ainda hoje sou. Ainda que não sinta o aconchego do teu abraço o sussurro das tuas palavras, o roçar dos teus lábios junto dos meus. Ainda que, a tua ausência me sufoque de medo de ver o amanha e arriscar de novo: Ainda te tenho comigo.
Não sei de que forma, em que sentido ou em que contexto. Não sei se te tive. Não sei o que foi. Ainda te tenho
:$
Está Lindo .
ResponderEliminarPedro (L)